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Foto do escritorGabriel Noboru Ishida

Estilo Decor - Provençal

Atualizado: 17 de jan. de 2023

Um pouco de história


Diversos estilos europeus são erroneamente qualificados, no colóquio "profissional" popular, como clássico. Com relação ao Provençal, apesar de ter tanto quanto o cottage, uma base fortíssima no clássico, arrisco preferivelmente classificar fora do clássico.

Com muito mais similaridades com as casas de campo de interior inglesas, mas com arquitetura ligeiramente medieval e rustica, este estilo tem como resultado um interior mais pitoresco que clássico (no sentido arganiano). Nâo há predominância de elementos repetitivos e racionais, e isso é muito francês - o berço da contracultura, apesar da nobreza francesa e do rastro do Império Romano.

Ainda que existam elementos como boiseries e rodameios, rodatetos, estes são apenas ícones colados num contexto de domínio subjetivo.

De um outro ponto de vista, é a casa de campo, da província, ou relacionada a cidade de Provance, na França (se bem que província em francês seja province).



O estilo provençal de fato deu origem ao estilo cottage nos EUA. A influência do charme francês, das casas de campo e das sementes do iluminismo levariam não só às luzes de Paris, mas aos tons claros e leves, luminosos, libertos do medievalismo, e também à revolução francesa.

A cidade de Provance está a pouco mais de 100 kilometros do norte da Itália, posicionada ao sul da França, local quente e ventilado, também não muito distante da Espanha. Estas características geram um estilo mais despojado de ambiente, que também por influencia de maior insolação, pedem um frescor nas cores e nas paredes em geral, pois madeiras pesadas e tapetes, barroquismos e opulencia combinavam mais com países e cidades mais frias. Por isso, não deve ser confundida com o "Cottagecore" ou "farmcore" ou "countrycore" americanos, cuja relação existencial e estética pode parecer ser a mesma mas não tem nada a ver.


A pátina


O fato é que originalmente, na própria França, existiram diversos níveis de riqueza em torno dos móveis como em qualquer cultura, e a existência dos mesmos por longos períodos como itens de herança e o transporte para áreas mais rurais foi o que criou o efeito pátina. Ou ainda, outra hipótese, é que o despojamento desses locais e mesmo uma dose de intenção poderiam levar a este desgaste inevitável ou intencional. Eu particularmente não imagino fabricantes de móveis no século XVI e XVII aplicando pátinas e envelhecendo móveis dourados ou pintados com cores caríssimas, o que seria obviamente visto como um defeito e não qualidade - isso só viria acontecer posteriormente, quando o velho e desgastado - herança - passa a ser artigo de luxo.

Mas no geral, as casas e móveis provençais não eram ornamentadas com ouro, mas antes, com tinta branca ou outras cores claras, combinadas com madeiras a vista.


Adaptações contemporâneas


Um dos trabalhos que já fiz foi folhear móveis entalhados "provençais" com folhas de "ouro", e "envelhecimento" posterior. Um serviço muito delicado e trabalhoso, mas fica lindo. O termo provençal talvez não seja correto, já que não eram móveis provençais mas mais relacionados ao palácio de Versailles. Coisas deste tipo:


Se nas origens o Provençal foi em algum momento revestido realmente com ouro, as adaptações contemporâneas buscam também envelhecer com efeitos de pátina de diversas formas, para dar aquele toque de nobreza sofisticação e autenticidade. Mas nada impede que uma base branca francesa seja trabalhada com criatividade em qualquer cor, especialemente o dourado, mantendo na denominação geral o termo "provençal".

Apenas para pincelar algumas observações, estas peças (douradas) devem ser usadas com moderação pois não vivemos mais no séc. XVII, sendo nossa estética muito mais reta e industrial, e por isso nossa percepção pode ficar enfadada de excessos que não são do nosso quotidiano. Além disso, a iluminação noturna atualmente é totalmente solucionada, enquanto naquela época, a luz de velas precisava de mais superfícies brilhantes.

Porém, com o design de interiores aceitando toques moderados e bem localizados, como temperos deliciosos no visual eclético, clássico, contemporâneo, até mesmo minimalista (que não é sinônimo de linhas retas!), temos como elemento do vocabulário do design atual, entre tantas opções, esta maravilhosa fonte de itens que dão aquele sabor de riqueza, super pessoal e de alto padrão.

Opções equivalentes de menor peso visual existem, por exemplo cadeiras de acrílico com contorno, silhueta low poly, geometria simplificada, imitando os móveis provençais: uma simples borda que se assemelha já dá uma pitada satisfatória de charme e sofisticação. Cadeira Luiz XIV...

No atual cenário, encontramos móveis super populares de MDF cortados em routers, que depois de pintados, são imitações kistch e super baratas do provençal, e ao contrário das cadeiras de acrilico por exemplo, até certo ponto aceitáveis, mas as de MDF podem acabar com um ambiente, já que são os primos "Casas Bahia" dos móveis originalmente feitos de verdade


Não é Clássico nem Colonial

Nem é Cottage/Country.


Apesar de se encaixar de certa forma nas duas categorias acima, é um nome muito específico que significa originário da região de Provença, movel francês, etc., conforme já foi descrito anteriormente.

Para ser clássico, ainda que algumas classificações de arte a incluam (eu também incluo), o nome "Clássico" é preferível a móveis mais relacionados ao classicismo greco-romano, e suas particularidades geométricas, simbólicas, matemáticas, associados a tipos específicos de complementos no ambiente, sancas, gessos, molduras, boiseries e outros itens repetitivos e ritmicos, organizados e bem controlados.


Apenas para uma melhor definição de termos, colonial não é uma palavra adequada, pois nunca fomos colonia francesa. Se a influência inglesa foi forte, no final da revolução industrial, a cultura cinematográfica americana também foi. E destes deriva o cottage (que deriva também do provençal). E esta escolha tem aspecto unicamente histórico político, porque na prática, muitas pessoas continuarão a chamar tudo que se pareça com isso, de classico ou provençal.


Ainda que alguns exemplares tenham sido importados e façam parte do período colonial brasileiro, com ou sem tentativa de invasão cultural francesa, eu prefiro utilizar a palavra "colonial" para móveis mais rústicos de madeira, fabricados nas terrinhas tupiniquins, aonde o estilo mineiro tem um aproximação muito mais consistente ao colonialismo brasileiro. Mas já é de praxis associar móveis de fazenda ao colonial com um sentimento quase bandeirante.


Tenho visto inúmeras vezes, descrições de cozinhas com puxadores concha como se estas fossem provençais. Puxadores concha são de estilos de colonialismo americano, origem inglesa.

Os puxadores provençais eram do tipo alça, alça pendurada solta, ou alça comum, ou argola.


Abaixo na galeria, exemplos de diversos níveis econômicos, buscando aquele efeito de nobreza, ou em algumas interpretações "romanticas" já que as curvas do provençal geram um estilo muito feminino e delicado, especialmente quando pintados de branco, antenticando o real provençal ou remetendo ao cottagecore.


Mas você pode chamar também de romântico, porque é sim.









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